14 de Maio de 1995, quinze dias antes da “Chacina”, os policiais
Mauro França, Paulo Jorge e Sérgio Rocha prenderam Joanilson Lopes Moreira,
vulgo “Nego Jô”, sobre a suspeita de ter roubado uma bicicleta.
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Joanilson Lopes |
Durante a prisão, Joanilson, foi agredido fisicamente, e levado à
Delegacia de Polícia do PAAR localizada na AV. Rio Negro, onde foi apresentado
ao delegado José Marques e posteriormente colocado no xadrez. Na delegacia, Joanilson
sofreu novas agressões físicas e, ainda, foi obrigado, pelos mesmos policiais,
a ingerir fezes, com a finalidade de forçá-lo a fornecer informações sobre
“Paulo Mapará”, pessoa conhecida no meio policial daquela época como “bandido
perigoso”, por estar envolvido em roubos a banco e outros crimes de maior
repercussão, além de liderar um grupo criminoso do qual Joanilson seria um dos
integrantes.
Na manhã do
dia seguinte, Joanilson, que ainda permanecia detido, teria sido obrigado a capinar
a área externa do prédio da delegacia, em seguida os policiais exigiram a
quantia de quatrocentos reais em dinheiro, cujo pagamento, efetivado por
familiares de Joanilson, neutralizou a ação dos policiais, que imediatamente o
colocaram em liberdade.
A "Chacina"
Na noite de 29.05.95, quinze dias após a prisão e a tortura de Joanilson,
a “Chacina do PAAR” e seus desdobramentos aconteceria. A equipe de plantonistas
da delegacia do Paar era composta por um delegado, uma escrivã, quatro investigadores
(dentre os quais havia uma investigadora) e um motorista policial.
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Delegado José Marques
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A policial Maria foi colocada contra a grade, enquanto era ameaçada com
armas para dizer onde estavam os policiais. Nesse momento, um deles, seguido dos
demais, empurrou a porta do gabinete do delegado, onde os dois policiais, o
investigador Mauro França estava sentado em uma cadeira em frente à mesa do
delegado, enquanto este se encontrava deitado em um colchonete estendido no
chão. Vários tiros foram disparados contra eles. Ao tentar se levantar,
provavelmente para ver o que estava acontecendo, o investigador Paulo Jorge,
que estava deitado na permanência da delegacia, também foi morto.
Enquanto atiravam contra seus colegas, Maria escondeu-se dentro do banheiro
da delegacia, onde permaneceu até que os tiros cessassem. Quanto à Erondina,
assim que percebeu que os homens haviam se retirado, retornou para dentro da
delegacia, solicitando, pelo rádio, ajuda aos outros policiais, ao mesmo tempo
em que tentava relatar o que havia acontecido.
A Caçada aos assassinos

Depois de atirarem no delegado e nos dois investigadores, os cinco homens
fugiram, tendo três deles (“Paulo Mapará”, “Ronaldo Mapará”27 e “Martinho Cara
de Lata”28) se refugiado numa área conhecida como “Mata da Ceasa”.
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"Paulo Mapará" |
Nesse ínterim, alguns policiais já haviam identificado Joanilson Lopes
Moreira, como o homem que foi preso e torturado pelos policiais e que foi
reconhecido. A partir dessa informação, os policiais concluíram pela
possibilidade do envolvimento de “Paulo Mapará” no caso, já que, quando
Joanilson foi preso na delegacia do Paar acusado do roubo da bicicleta, houve
comentários de que este seria “um informante da quadrilha de um elemento
conhecido pela alcunha de ‘Paulo Mapará”.
Uma grande operação composta por cerca de duzentos policiais, entre civis
e militares, foi organizada para encontrar Joanilson, “Paulo Mapará” e seus companheiros.
Depois de vinte horas de
perseguição contínua, a primeira morte aconteceria.
“Ronaldo Mapará” (Irmão de Paulo Mapará), foi morto próximo ao trapiche da Ceasa, na madrugada de
31.05.95. Na manhã do mesmo dia, “Martinho Cara de Lata” também morreria.
Quanto a “Paulo Mapará”, foi morto no início da madrugada do dia seguinte.
Nessa mesma madrugada, seu corpo foi colocado no porta-malas de um carro da
polícia32 e exposto pelas ruas de Belém, numa carreata policial animada por disparos
de armas de fogo.
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Corpo de Paulo Monteiro exposto em carreata policial (O Liberal, de
02.06.1995).
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